SIGNOS SEM SENTIDO
MAL-ESTAR CONTEMPORÂNEO EM COSMÓPOLIS, DE DON DELILLO
DOI :
https://doi.org/10.5016/msc.v33i0.2565Mots-clés :
Signos; Afetos; Melancolia; EconomiaRésumé
Este artigo pretende fazer uma leitura da condição melancólica do personagem Eric Packer, do romance Cosmópolis, de Don DeLillo. Sugerimos que as raízes dessa melancolia se encontram na sua incapacidade de apreensão dos signos. Em Cosmópolis, confluem os signos públicos – o colapso financeiro causado pela falta de lastro do dinheiro – com os signos privados: Packer é incapaz de acessar sentimentos internos. Há um circuito de afetos, para usar um conceito de Safatle, que provoca curto-circuito. Na esteira de autores como Berardi e Eagleton, presenciamos como Cosmópolis se apresenta como locus privilegiado do entrecruzamento entre bolhas econômicas e falta de sentido interior. Por fim, chegamos no diagnóstico de Kristeva, pertinente na medida em que percebe a melancolia como perda da capacidade de simbolizar via linguagem alguma perda vital essencial.