Mário de Andrade e os azulejos azuis no centro de São Paulo
historiando o desaparecimento da igreja Nossa Senhora dos Remédios
DOI:
https://doi.org/10.5016/pem.v17i2.3070Palavras-chave:
Igreja Nossa Senhora dos Remédios, Demolições, Plano de Avenidas, São Paulo, História UrbanaResumo
A intenção de demolir a igreja Nossa Senhora dos Remédios fez parte do escopo de ações do Plano de Avenidas, na cidade de São Paulo, que, nos seus desdobramentos, previa a ampliação da Praça João Mendes entre os trabalhos para implantação da porção sul do Perímetro de Irradiação. Não obstante a indicação de Mário de Andrade para que a igreja integrasse a lista de bens paulistas a serem protegidos pelo recém-criado SPHAN, sua demolição tornou-se concreta em 1943. No processo de desaparecimento, vozes dissonantes se manifestaram na mídia impressa, recursos financeiros e técnicos foram empreendidos em onerosas desapropriações, e imagens documentaram a dissolução cedendo lugar ao vazio de uma nova forma urbana. Esta trajetória, impregnada de sentidos ocultos, disputas e apagamentos na área central, permanece como possibilidade de reflexão e, não por acaso, entrecruza-se com a própria figura do escritor de Pauliceia Desvairada.
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