A escrita epistolar e as tramas na reconstituição da história de vida e da prática eclesiástica e administrativa na capitania das Minas do Ouro

Autores/as

Palabras clave:

Escrita epistolar, Poder, Religião, Controle social, Minas setecentristas

Resumen

Este artigo tem por objetivo avaliar, a partir da análise de um estudo de caso envolvendo religiosos e agentes administrativos, alguns dos problemas relativos à utilização da escrita epistolar para a reconstituição da história de vida e da prática eclesiástica e administrativas nas Minas setecentistas. Diante das dimensões do território da capitania, a escrita de cartas se tornou um dos instrumentos mais utilizados pelos agentes da coroa e pelos bispos para obterem informações sobre a população, o que resultou na produção de grande volume documental. Tomados invariavelmente como verdade por muitos pesquisadores, é preciso analisar as informações relatadas na escrita epistolar, averiguando as tramas, os interesses e outros elementos que envolvem a produção desses documentos. Desse modo, é necessário produzir uma crítica histórica capaz de ir além da narrativa dos fatos, tomados como verdade, para dar conta dos processos que compõem a própria produção dessas cartas.

Biografía del autor/a

Renato Silva Dias, Universidad Estatal de São Paulo UNESP

Renato da Silva Dias é Professor da graduação e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), em Minas Gerais. Doutor e Graduado em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Jeaneth Xavier Araújo Dias, Universidad Estatal de São Paulo UNESP

Jeaneth Xavier de Araújo Dias é Professora da Escola de Design da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), em Belo Horizonte, Minas Gerais. Doutora, Mestra e Bacharela em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Especialista em Cultura e Arte Barroca pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Possui Curso de Aperfeiçoamento em Arquivologia pela Escola de Ciência da Informação da UFMG.

Citas

ANTÔNIO, Edna Maria Matos. Correspondências e cultura política na América portuguesa: cartas e uma rebelião colonial. Revista Brasileira de História da Mídia, v. 5, n. 1, p. 11-19, 2016.

BOSCHI, Caio César. Como os filhos de Israel no deserto? (ou: a expulsão dos eclesiásticos em Minas Gerais na primeira metade do século XVIII). Vária História, n. 21, p. 119-141, 1999.

BOSCHI, Caio César. Os leigos e o poder: irmandades leigas e política colonizadora em Minas Gerais. São Paulo: Ática, 1986.

BOXER, Charles R. A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. São Paulo: Nacional, 1969.

BOXER, Charles Ralph. O império marítimo português – 1415-1825. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

CONCEIÇÃO, Adriana Angelita da. Entre o ofício e a amizade: o discurso epistolar do vicerei 2° Marquês do Lavradio no século XVIII. Cadernos de História, v. 16, p. 142-167, 2015.

CONCEIÇÃO, Adriana Angelita. “Remeto por ora hum caixotinho”: as curiosidades da América portuguesa nas cartas do vice-rei 2º Marquês do Lavradio. Revista de História e Estudos Culturais, v. 12, n. 2, p. 1-21, 2015.

COSTA, Adriane Vidal. História, política e literatura na escrita epistolar de Júlio Cortázar. Anos 90, v. 23, n. 43, p. 153-178, 2016.

COUTROT, Aline. Religião e política. In: RÉMOND, René (org.). Por uma história política. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1996.

DIAS, Renato da Silva. Frades desviantes: o cotidiano e o conflito dos eclesiásticos nas Minas setecentistas (1693-1745). Revista História e Perspectivas, v. 25, p. 483-506, 2012.

DIAS, Renato da Silva. Padres infratores: poder, religião e violência nas Minas do Ouro. Mnemonise Revista, v. 4, p. 138-155, 2013.

DIAS, Renato da Silva. Para a glória de Deus, e do Rei? Política, religião e escravidão nas Minas do Ouro (1693-1745). São Paulo: Associação Editorial Humanitas (FFLCH/SP), 2019.

DIAS, Renato da Silva; ARAÚJO, Jeanteth Xavier de. Nem santos, nem devassos: padres e controle social nas Minas do Ouro. Revista Politéia, v. 13, p. 43-66, 2013.

FARIA, Ana Mouta, Função da carreira eclesiástica na organização do tecido social do Antigo Regime. Ler História, n. 11, p. 29-46, 1987.

FONSECA, Paulo Miguel. Cartas a Paulo Pereira de Souza: notas sobre a escrita epistolar na administração comercial de um colono mineiro. In: XXIV Simpósio Nacional de História, 2007.

GOMES, Ângela de Castro (org.). A escrita de si, escrita da história. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.

HESPANHA, Antônio Manuel. Centro e periferia nas estruturas administrativas do Antigo Regime. Ler História, v. 8, 1986, p. 85-90.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1981.

LE GOFF, Jacques. Documento/monumento. In: LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Editora da UNICAMP, 1992, p. 535-549.

MATOS ANTÔNIO, Edna Maria. Correspondências e cultura política na América portuguesa: cartas e uma rebelião colonial. Revista Brasileira de História da Mídia, v. 5, n. 1, p. 11-19, 2016.

MOTT, Luiz. Modelos de santidade para um clero devasso: a propósito das pinturas do Cabido de Mariana, 1760. Revista do Departamento de História, n. 9, p. 96-120, 1989

PIRES, Maria do Carmo. Juízes e infratores: o Tribunal Eclesiástico do Bispado de Mariana (1748-1800). São Paulo: Annablume; Fapemig, 2008.

PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo: colônia. São Paulo: Brasiliense, 1977.

PUNTONI, Pedro. O governo-geral e o Estado do Brasil: poderes intermédios a administração (1549-1729). In: SCHWARTZ, Stuart; MYRUP, Erik Lars (org.). O Brasil no império marítimo português. Bauru: EDUSC, 2009.

QUEIROZ, Samila Luiza Xavier de. Jurisdição e governo: política administrativa eclesiástica no Bispado de Mariana (1764-1817). Mariana, 2015. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Ouro Preto.

RENOU, René. A cultura explícita (1650-1750). In: SERRÃO, Joel, OLIVEIRA MARQUES, A. H. (dir.). Nova história da expansão portuguesa: o Império luso-brasileiro (1620-1750). Lisboa: Estampa, 1991. v. VII.

SERRÃO, Joel; OLIVEIRA MARQUES, A. H. (dir.). Nova história da expansão portuguesa: o Império luso-brasileiro (1620-1750). Lisboa: Estampa, 1991. v. VII.

VAINFAS, Ronaldo. Trópico dos pecados: moral, sexualidade e Inquisição no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

VILLALTA, Luiz Carlos. A “torpeza diversificada dos vícios”: celibato, concubinato e casamento no mundo dos letrados de Minas Gerais (1748-1801). São Paulo, 1993. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade de São Paulo.

WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José. O funcionário colonial: entre a sociedade e o rei. In: PRIORE, Mary del (org.). Revisão do paraíso: 500 anos e continuamos os mesmos. Rio de Janeiro: Campus, 2000, p. 139-160.

XAVIER, Ângela Barreto; HESPANHA, Antônio Manuel. As redes clientelares. In: MATTOSO, José (org.) História de Portugal. Lisboa: Estampa, 1998. v. 4, p. 381-393.

Publicado

2025-01-13

Cómo citar

Silva Dias, R., & Araújo Dias, J. X. (2025). A escrita epistolar e as tramas na reconstituição da história de vida e da prática eclesiástica e administrativa na capitania das Minas do Ouro. Patrimônio E Memória, 19(2), 69–86. Recuperado a partir de http://pem.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/2960