A escrita epistolar e as tramas na reconstituição da história de vida e da prática eclesiástica e administrativa na capitania das Minas do Ouro
DOI:
https://doi.org/10.5016/pem.v19i2.2960Palavras-chave:
Escrita epistolar, Poder, Religião, Controle social, Minas setecentristasResumo
Este artigo tem por objetivo avaliar, a partir da análise de um estudo de caso envolvendo religiosos e agentes administrativos, alguns dos problemas relativos à utilização da escrita epistolar para a reconstituição da história de vida e da prática eclesiástica e administrativas nas Minas setecentistas. Diante das dimensões do território da capitania, a escrita de cartas se tornou um dos instrumentos mais utilizados pelos agentes da coroa e pelos bispos para obterem informações sobre a população, o que resultou na produção de grande volume documental. Tomados invariavelmente como verdade por muitos pesquisadores, é preciso analisar as informações relatadas na escrita epistolar, averiguando as tramas, os interesses e outros elementos que envolvem a produção desses documentos. Desse modo, é necessário produzir uma crítica histórica capaz de ir além da narrativa dos fatos, tomados como verdade, para dar conta dos processos que compõem a própria produção dessas cartas.
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