Um Barão e suas memórias em disputa
Grão Mogol (MG), Chapada Diamantina (BA) e Rio Claro (SP)
Palavras-chave:
Memória, História local, Biografia, Barão de Grão Mogol, Trilha do BarãoResumo
Este texto analisa a construção de discursos de memória distintos sobre o Barão de Grão Mogol, Gualter Martins Pereira (1825-1890), em Grão Mogol (MG), Chapada Diamantina (BA) e Rio Claro (SP). Em Grão Mogol, Martins Pereira é apresentado como um político generoso, responsável por obras importantes. Tal perspectiva também é difundida na Chapada Diamantina. Em Rio Claro, é tido como um cruel barão do café. Considera-se aqui o caráter subjetivo da memória (CANDAU, 2016). O modo como ele é lembrado e relembrado ao longo do tempo é continuamente atualizado, sem ater-se a uma reconstituição fiel do passado, mas constituindo novos enquadramentos (POLLAK, 1989). Outro aspecto a ser problematizado diz respeito ao uso da fonte memorial para a análise da trajetória de atores históricos, como o barão, pois se trata de narrativas díspares, que não se conectam em políticas públicas de memória e patrimônio cultural capazes de aproximar regiões distantes do país.
Referências
ÂNGELIS, Newton de. Efemérides Riopardenses – 1698-1972. Rio Pardo de Minas: s/e, 1998.
BANCHI, J.C. Casa do Barão de Grão Mogol. Relatório Técnico. Secretaria de Obras e Serviços, Prefeitura Municipal de Rio Claro, 2001. 21 p. Arquivo Público e Histórico do Município de Rio Claro.
BENINCASA, Vladimir; DE CASTRO, Maria Ângela Pereira; BORTOLUCCI, Silva. Fazenda Angélica e o Barão de Grão-Mogol. Labor e Engenho, v. 3, n. 1, p. 82-109, 2009.
BRITO, Carolino Marcelo de S.. Cidades históricas da Chapada Diamantina: patrimônio baiano ou mineiro? Revista Espacialidades [online], v. 6, n. 5, p. 1984-817x, 2013.
CANDAU, Joël. Memória e identidade. São Paulo: Contexto, 2016.
CASTRO, B. A. C. de .Patrimônio Cultural e territorialidade negra em Rio Claro (SP).
Espaço & Geografia, v.16, n.2 (2013), p.557-578.
DEAN, Warren. Rio Claro: um sistema brasileiro de grande lavoura, 1820-1920. Rio de Janeiro. Paz e Terra. 1977.
IVO, Isnara Pereira. Homens de caminho: trânsitos culturais, comércio e cores nos sertões da América portuguesa: século XVIII. Vitória da Conquista: Edições Uesb, 2012.
PENA, Zenilda. Encontro com a Villa Bella das Palmeiras. Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo, 2005. 370 p. (Coleção Cidades da Bahia).
POLLAK, Michael. Memória, história e esquecimento. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 3-15 1989.
CASTRO, Hebe Maria Mattos de. Das cores do silêncio: os significados da liberdade no sudeste escravista – Brasil século XIX. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, p. 141, 1995.
LASMAR, J.;VASQUES, T. Grão Mogol.Grão Mogol. Contagem: Gráfica Líthera Maciel, 2005. 161 p.
LOPES, Aristeu E. M. “O dia de amanhã”: A República nas páginas do periódico ilustrado O Mequetrefe, 1875-1889. História (São Paulo), v. 30, n. 2, p. 239-265, 2011.
LORIGA, Sabina. O pequeno X: da biografia à história. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.
________;SCHMIDT, Benito Bisso. Entrevista com Sabina Loriga: a história biográfica. Métis: história & cultura. Caxias do Sul, RS, v. 2, n. 3, p. 11-22, jan./jun. 2003.
MENESES, José Newton C. Todo patrimônio é uma forma de história pública?In: MAUAD, A.M.; SANTHIAGO, R.; BORGES, V.T. Que história pública queremos? What public history do we want? São Paulo: Letra & Voz, 2018. p.69-75.
NEVES, Erivaldo Fagundes. Sampauleiros traficantes: comércio de escravos do alto sertão da Bahia para o oeste cafeeiro paulista. Afro-Ásia, n. 24, 2017, p. 97-128.
RODRIGUES, Marcelo Santos. Os (in) Voluntários da Pátria na Guerra do Paraguai: a participação da Bahia no conflito. 2001.162 f. Dissertação. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador.
SCHMIDT, Benito Bisso. Quando o historiador espia pelo buraco da fechadura: biografia e ética. História (São Paulo). São Paulo, SP. Vol. 33, n. 1 (jan./jun. 2014), f. 124-144, 2014.
SENEDA, Ariosvaldo José. Memórias da Fazenda Angélica: origens, personagens, descendentes. Rio Claro: edição do autor, 2004.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Patrimônio e Memória

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY.