Um Barão e suas memórias em disputa

Grão Mogol (MG), Chapada Diamantina (BA) e Rio Claro (SP)

Autores

Palavras-chave:

Memória, História local, Biografia, Barão de Grão Mogol, Trilha do Barão

Resumo

Este texto analisa a construção de discursos de memória distintos sobre o Barão de Grão Mogol, Gualter Martins Pereira (1825-1890), em Grão Mogol (MG), Chapada Diamantina (BA) e Rio Claro (SP). Em Grão Mogol, Martins Pereira é apresentado como um político generoso, responsável por obras importantes. Tal perspectiva também é difundida na Chapada Diamantina. Em Rio Claro, é tido como um cruel barão do café. Considera-se aqui o caráter subjetivo da memória (CANDAU, 2016). O modo como ele é lembrado e relembrado ao longo do tempo é continuamente atualizado, sem ater-se a uma reconstituição fiel do passado, mas constituindo novos enquadramentos (POLLAK, 1989). Outro aspecto a ser problematizado diz respeito ao uso da fonte memorial para a análise da trajetória de atores históricos, como o barão, pois se trata de narrativas díspares, que não se conectam em políticas públicas de memória e patrimônio cultural capazes de aproximar regiões distantes do país.

Biografia do Autor

Ivana Denise Parrela, Universidade Estadual Paulista UNESP

Ivana Denise Parrela é Professora do Departamento de Teoria e Gestão da Informação da Escola de Ciências da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutora e Mestra em História pela UFMG. Especialista em Organização de Arquivos pela Universidade de São Paulo (USP). Graduada em História pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

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Publicado

30-06-2020

Como Citar

Parrela, I. D. (2020). Um Barão e suas memórias em disputa: Grão Mogol (MG), Chapada Diamantina (BA) e Rio Claro (SP). Patrimônio E Memória, 16(1), 53–75. Recuperado de https://pem.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/3106