MISTICISMO E MELANCOLIA EM SONETOS DE UMA SANTA, DE ALPHONSUS DE GUIMARAENS
DOI:
https://doi.org/10.5016/msc.v33i0.2579Palavras-chave:
Melancolia; Misticismo; Poesia lírica; Simbolismo; Alphonsus de Guimaraens.Resumo
Principalmente, desde o Pré-Romantismo, passando pelo Romantismo, Decadentismo e Simbolismo, em uma chave “idealista”, o humor melancólico foi considerado um elemento fundamental para a expressão do descompasso do sujeito em relação ao mundo, para a problematização em torno dos limites da palavra e para a expressão da noção de mal-estar do indivíduo na modernidade. Dentro dessa lógica está, dentre a de outros, a produção lírica do poeta brasileiro Alphonsus de Guimaraens, um dos expoentes, ao lado de Cruz e Sousa, do Simbolismo no Brasil. A aura melancólica, pessimista e nostálgica de seus poemas, no entanto, entrelaça-se a uma espécie ascese mística, que aparentemente envolve as tensões do eu lírico. Isso posto, este trabalho partirá tanto das concepções de Cooper (2002) a respeito de misticismo quanto das considerações de Freud (2010) e de Kristeva (1989) a respeito da arte e da religião como mecanismos de compensação fundamentadas no deslocamento libidinal, para analisar como, na série de poemas intitulada “Sonetos de uma Santa”, a poética de Alphonsus de Guimaraens lida com certas tensões “melancólicas” que são recorrentemente expressas nas produções artísticas decadentistas e simbolistas.