O TRABALHO DO LUTO E A RASURA DA HISTÓRIA EM MAR AZUL, DE PALOMA VIDAL
DOI:
https://doi.org/10.5016/msc.v28i0.1673Palavras-chave:
Lembrança e Esquecimento, Literatura pós-ditatorial, Luto e MelancoliaResumo
O objetivo deste artigo é tecer algumas reflexões sobre o romance Mar azul, de Paloma Vidal (2012), a partir da ótica da literatura pós-ditatorial e seus pressupostos: trabalho do luto e rasura da história. Mar azul é uma narrativa cujo ponto central é a memória traumática transformada em impulso repetitivo. Três situações impactantes marcam a vida da narradora: o exílio/ausência do pai, a violência sexual na adolescência e o desaparecimento da amiga por questões políticas. A narrativa se constrói como fragmentos de lembranças que tentam se realocar no presente da narradora. A tensão criada por esse esforço tentará se equilibrar na leitura de alguns cadernos deixados pelo pai da narradora. Escrevendo no verso das folhas uma outra história, a narradora rasura a assinatura do pai. O resultado continua fragmentado, mas a ausência, o trauma e a perda encontram na escrita de uma outra história uma forma de esquecimento ativo, isto é, são incorporados e esquecidos ao mesmo tempo.