A PERMANÊNCIA DO PASSADO E O SILENCIAMENTO DAS VÍTIMAS DO AUTORITARISMO EM A NOVA ORDEM, DE BERNARDO KUCINSKI
DOI:
https://doi.org/10.5016/msc.v28i0.1635Palavras-chave:
Bernardo Kucinski, A nova ordem, Elaboração do passado, Autoritarismo, ViolênciaResumo
No romance distópico A nova ordem (2019), de Bernardo Kucinski, o ponto de vista narrativo privilegia os líderes de um regime político totalitário instalado no Brasil; pouca ou nenhuma voz é concedida aos sujeitos aniquilados pelo estado de exceção. Essa escolha narrativa parece contrastar com a obra ficcional anterior do autor, na maior parte relacionada à memória das vítimas da ditadura militar brasileira. A partir dessa constatação inicial, este artigo pretende discutir a relação entre narração ficcional, por um lado, e elaboração do passado, crítica do tempo presente e perspectivas de futuro, por outro. Para isso, será observada a permanência do autoritarismo e da violência no Brasil, o que resulta no silenciamento dos grupos minoritários e das vozes políticas de resistência ao fascismo. A partir das teorias de Benjamin (2012), Adorno (2012), Chaui (2017), Ginzburg (2017) e Seligmann-Silva (2019), entre outros, pretende-se demonstrar como a distopia elaborada por Kucinski propõe um cenário ficcional que projeta para o futuro as possíveis consequências das tendências fascistas observáveis no presente.