A imprensa escrita e a espacialidade das trocas amorosas femininas em Desterro / Florianópolis (1850-1930)
DOI:
https://doi.org/10.5016/pem.v17i2.3097Palavras-chave:
Memória urbana, Cotidiano, Relacionamentos amorosos, Territorialidades femininas, RepresentativaResumo
O caráter sexuado do espaço é, por vezes, negligenciado quando da leitura da evolução da paisagem urbana, resultando em consensos forjados que colaboram para a homogeneização do conteúdo representacional de nossas cidades. Como reação, o presente trabalho, ao explorar as relações entre as mulheres e as cidades, discute a maneira como moças da elite, por meio de seus relacionamentos amorosos, fizeram-se presentes na paisagem urbana. Para tanto, estudamos a cidade de Desterro / Florianópolis, no período de 1850 a 1930, baseando-nos em notícias veiculadas em jornais. Essas passagens, coletadas por meio de consultas a 20.959 números de jornais, revelavam namoros envolvendo essas mulheres e vinham acompanhadas de seus endereços, os quais foram espacializados na malha urbana. Como resultado, discutimos localidades de maior ou menor efervescência dessas trocas amorosas, correlacionando-as com a conformação material e imaterial da paisagem urbana da época. Com isso, pretendemos evidenciar a posição dessas mulheres como interventoras na dinâmica urbana, ampliando a representatividade da história urbana local.
Referências
ALENCAR, J. D. Senhora. Rio de Janeiro: Ediouro, 1875.
BONDI, L. Gender symbols and urban landscapes. Progress in Human Geography, 1992, p. 157-170.
CABRAL, O. Desterro. Florianópolis: Lunardelli, 1979.
CHARTIER, R. A história ou a leitura do tempo. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.
CORADINI, L. Praça XV: espaço e sociabilidade. Florianópolis: Fundação Franklin Cascaes, 1995.
CORRÊA, C. H. História de Florianópolis Ilustrada. Florianópolis: Insular, 2005.
COSTA, A. B. D. A.; SEABRA, M. C. T. C. D.; SANTOS, M. M. D. D. S. Nomes de lugar na dinâmica do antigo regime: antropotopônimos em Minhas Gerais, Séc. XVIII. Revista de Ciências Humanas, p. 500-5015, 2014.
D´INCÃO, M. Â. Mulher e família burguesa. In: PRIORI, M. D. História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2017, p. 223-240.
DAMATTA, R. A casa & a rua. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.
DE CERTEAU, M. A invenção do cotidiano. Petrópolis: Vozes, 2007.
FERRARA, L. D. Leitura sem palavras. São Paulo: Ática, 2004.
FOUCAULT, M. Outros espaços. In: FOUCAULT, M. Ditos e escritos. [S.l.]: [s.n.], 2001, p. 411-422. v. 3.
GERLACH, G. Ilha de Santa Catarina: Florianópolis. São José: Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2015.
GRAHAM, S. L. House and street: the domestic world of servants and masters in nineteenth-century Rio de Janeiro. Austin: University of Texas, 1992.
HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1990.
HAYDEN, D. The power of place: urban landscape as public history. [S.l.]: The MIT Press, 1995.
HEMEROTECA DIGITAL CATARINENSE. A Hemeroteca Digital Catarinense. Florianópolis, [2020]. Disponível em: http://hemeroteca.ciasc.sc.gov.br/. Acesso em: 11 nov. 2020.
ITAÚ CULTURAL. Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. O Aqueduto da Rua de Matacavalos. São Paulo: Itaú Cultural, 2021.
JACQUES, P. B. Elogio aos errantes. Salvador: EDUFBA, 2014.
KESSLER, M. Dusting the surface, or the bourgeoise, the veil, and Haussmann’s Paris. In: D’SOUZA, A.; MCDONOUGH, T. The invisible flâneuse? Gender, public space, and visual culture in nineteenth-century Paris. Vancouver: Manchester University Press, 2008, p. 49-64.
LEFEBVRE, H. A produção do espaço. [S.l.]: [s.n.], 2006.
MASSEY, D. Pelo espaço. Rio de Janeiro: B. Brasil, 2008.
MEYER, E. D. C. La Donna è mobile: aoraphobia, women, and urban space. In: AGREST, D.; CONWAY, P.; WEISMAN, L. The Sex of architecture. [S.l.]: [s.n.], 1996, p. 141-156.
MORGA, A. E. Olhares masculinos e modos femininos: a mulher sedutora nos relatos dos viajantes. Textos e Debates, p. 16-36, 1996.
MORGA, A. E. Práticas afetivas femininas em Nossa Senhora do Desterro no século XIX. Manaus: EDUA, 2017.
MÜLLER, G. R. R. A Influência do urbanismo sanitarista na transformação do espaço urbano em Florianópolis. Florianópolis: [s.n.], 2002.
MUXÍ, Z. Mujeres, casas y ciudades: más allá del umbral. Barcelona: DPR, 2018.
PEDRO, J. M. Mulheres honestas e mulheres faladas. São Paulo: USP, 1992.
PEDRO, J. M. Nas tramas entre o público e o privado: a imprensa de Desterro no século XIX. Florianópolis: Editora da UFSC, 1995.
PEDRO, J. M. Mulheres do sul. In: PRIORI, M. D. História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2017, p. 278-321.
PEREIRA, I. As decaídas: mulheres no cotidiano de Florianópolis (1900-1940). Florianópolis, 1996. Dissertação (Mestrado em História) - . Centro de Filosofia e Ciencias Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina.
PERROT, M. Mulheres públicas. Tradução de Roberto Leal Ferreira. São Paulo: UNESP, 1998.
PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS - PMF. Arruamento de Florianópolis. Florianópolis, 2018.
RAGO, M. Gênero e história. Compostela: CNT, 2012.
RISÉRIO, A. Mulher, casa e cidade. São Paulo: Editora 34, 2015.
ROVARIS, C. Narrativas sobre a diáspora africana no ensino de história: trajetórias de africanos em Desterro/SC no século XIX. Florianópolis: UDESC, 2018.
SCOTT, J. Gender: a useful category of historical analyses. New York: Columbia University Press, 1989.
SENNETT, R. O declínio do homem público: as tiranias da intimidade. Rio de Janeiro: Record, 2014.
VEIGA, E. V. D. Florianópolis memória urbana. Florianópolis: [s.n.], 1993.
WILSON, E. The Sphinx of the city: urban life, the control of disorder, and women. Los Angeles: University of Calofornia Press, 1992.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Odila Rosa Carneiro da Silva, Renato Tibiriçá de Saboya

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY.