Mário de Andrade e os azulejos azuis no centro de São Paulo: historiando o desaparecimento da igreja Nossa Senhora dos Remédios

Cristiane Souza Gonçalves

Resumo


A intenção de demolir a igreja Nossa Senhora dos Remédios fez parte do escopo de ações do Plano de Avenidas, na cidade de São Paulo, que, nos seus desdobramentos, previa a ampliação da Praça João Mendes entre os trabalhos para implantação da porção sul do Perímetro de Irradiação. Não obstante a indicação de Mário de Andrade para que a igreja integrasse a lista de bens paulistas a serem protegidos pelo recém-criado SPHAN, sua demolição tornou-se concreta em 1943. No processo de desaparecimento, vozes dissonantes se manifestaram na mídia impressa, recursos financeiros e técnicos foram empreendidos em onerosas desapropriações, e imagens documentaram a dissolução cedendo lugar ao vazio de uma nova forma urbana. Esta trajetória, impregnada de sentidos ocultos, disputas e apagamentos na área central, permanece como possibilidade de reflexão e, não por acaso, entrecruza-se com a própria figura do escritor de Pauliceia Desvairada.


Palavras-chave


Igreja Nossa Senhora dos Remédios; Demolições; Plano de Avenidas; São Paulo; História Urbana.

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